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28.01.2023

A experiência dos artistas seleccionados na primeira edição da BDPALOP

Foram meses de trabalho árduo, noites sem dormir, em que os artistas selecionados no primeiro concurso da BDPALOP (2022) colocaram toda a sua dedicação e energia criativa em cada página das suas bandas desenhadas. Agora que as nove publicações produzidas já passaram pelas máquinas de impressão, ganhando traços nítidos e cores vívidas, estão prestes a chegar às prateleiras de diversas livrarias em Angola, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e no Brasil, dando passos significativos para integrar, no mercado de falantes da língua portuguesa, a BD feita nos PALOP.

Agora que as obras do primeiro concurso estão quase a chegar às livrarias, achámos que era hora de entrevistar os bolseiros selecionados e descobrir o que os motiva a criar BD e como correu o seu processo criativo ao longo deste concurso. As bolseiras e os bolseiros desta primeira edição incluem, Keila Pereira e Wilson Lopes, Domingos Silva e Coralie Silva, Edna Tavares e Heguinil Mendes, de Cabo Verde, e Luís Mateus e Simão Kusanica, Danilson Rodrigues e Nick Agostinho, Florinda Sakamanda e Hélder Simões, de Angola, Luís Ofice e Rajau de Carvalho, Darling Catar e Trisha Mamba, Eliana N’Zualo e Ique Langa, de Moçambique, tendo participado na iniciativa como ilustradores ou argumentistas.

No contexto da BDPALOP, Trisha Mamba, de Moçambique, relata que a sua percepção do que é ser artista mudou à medida que ia tendo mais oportunidades de formação e com a sua participação na BDPALOP: “Para mim, quem trabalhava com ilustração era aquele artista que ficava a vender quadros na rua, era isso que eu achava, até nunca vi isso como uma área que eu poderia seguir, até há pouco tempo, há uns dois, três anos. […] Eu, por exemplo, eu já tenho mais ou menos noção de como é que eu posso trabalhar com banda desenhada, como é que eu posso viver de banda desenhada. Isso significa que se vão criar bandas desenhadas localmente, então meio que vai haver uma representação das histórias, as pessoas irão ler mais, o mercado estará mais rico, as pessoas se sentirão mais identificadas, teremos mais histórias locais ilustradas, algo que não existe agora”.

A BDPALOP contou com masterclasses realizadas por profissionais da BD na área da ilustração, argumento, paginação, coloração, artes finais, entre outras, sendo esta uma das atividades que considera mais relevantes para que os bolseiros se tornem se estabeleçam na área das artes e cultura. Nick Agostinho, um dos bolseiros de Angola, fala-nos do impacto que a formação teve nele enquanto artista, “No início da formação, eu fiquei do tipo ‘eu não preciso de formação’. Mas até as fonts em que se escreve, eu descobri quais delas são contemporâneas e convincentes. Os ângulos das imagens, eu não pensava nisso. Eu aprendi a enxergar para além de mim, não podia mais enxergar como dono da obra, tinha de pôr-me no lugar do leitor. A formação da BDPALOP foi muito, mas muito importante para mim”. Agora Simão Kusanica pode fazer com que o seu trabalho chegue mais longe. “O meu objetivo é ser mesmo um artista profissional, conseguir atingir um público maior, internacional, né? Conseguir publicar as minhas histórias noutros países, fazer chegar a bandeira nacional mais longe, esses são os meus objetivos como artista”.

Coralie de Cabo Verde disse-nos que, apesar de decorrerem concursos de BD no país, não são a nível profissional como a BDPALOP, acrescentando que A BDPALOP vai inspirar os novos designers, vai fazer com que acordem e queiram fazer algo inovador. É uma grande oportunidade dar a conhecer a minha banda desenhada noutros países e chegar a mais crianças com as minhas histórias, para mim é um sonho realizado.

O segundo concurso da BDPALOP fechou a 17 de Abril para o júri avaliar as candidaturas, como habitual de Moçambique, Angola e Cabo Verde. A equipa recebeu projetos de duplas criativas e incentivou a participação de mulheres que ilustram e escrevem BD ou que têm experiência em áreas semelhantes. Numa data ainda a anunciar, serão partilhados os resultados e começará de novo o processo criativo dos nove artistas selecionados, com direito a acompanhamento e masterclasses durante a criação das suas publicações, para além do apoio financeiro estipulado. Ano a ano, veremos as prateleiras de mais livrarias no espaço lusófono acolher as coleções da BDPALOP, o caminho de sustentabilidade traçado a longo-prazo pela iniciativa.

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